15 de novembro de 2010

Casa Castro


Ahem ahem, pois, isto já não é actualizado há uns tempos... valentes... a culpa é do Facebook e do iphone, etc e tal, claro, que fazem tudo tão fácil. Mas a verdade é que nem num nem noutro parece bem escrever muito. E claro, escrever, como trabalhar, faz calo e por isso deixa-se sempre para depois.
Esta semana vou pôr fotos da minha casa no Porto em tudo o que é rede social. Que uso, ou seja, o FB e o Flickr, e aqui, que já foi rede social em tempos e agora está relegado a umas notas de vez em quando.
A casa está habitada, e funciona, ainda sem decoração (o espólio do meu avô ainda está na garagem à espera de ser utilizado).
Quanto ao resto da história... O empreiteiro inicial declarou falência e desapareceu a meio, deixou a obra aberta e as madeiras encolheram todas. O sucessor compensava em honestidade o que lhe faltava em miolos, e ainda está a corrigir erros, mas por metade do preço quem é que se pode queixar? Ainda por cima sendo a obra dirigida do outro lado do oceano (vá lá que havia fiscalização, por estes meus amigos).
Havia pombos mortos no telhado, papel de parede cheio de mofo, térmitas nas traves e cheiro a velho na única divisão onde não chovia nem havia vidros partidos. Agora há uma casa nova na Baixa, com um jardim, e esperemos que a ela se juntem outras. Recuperadas com vaidade, mas sem peneiras nem modernices parolas.
Pena não demolirem o Central Shopping, mas não se pode ter tudo.

Fotos da Casa Castro, no sítio do costume.

7 de abril de 2010

New Orleans

Não esperava muito, só algumas casas que vi num livro que comprei no Natal. Mas chegámos e foi o deslumbramento: é uma cidade europeia, com praças e ruas e gente que as vive. Uma espécie de oásis de civilização no meio do deserto dos strip malls que corroeram as estradas deste país: macdonalds, pizza hut, wendy's, cidade, wendy's, pizza hut, macdonalds, ad nauseam.
Saímos na Bourbon Street (dos Borbones, os Espanhóis, não do whisky de milho) e é o Inferno: a gente mais feia do mundo miúdas quase adolescentes em roupa interior em frente aos bares de strip, o cheiro a vómito, a esgoto, os néons de dia, a música ao vivo, má e aos berros, a sair de bares uns em frente aos outros e a criar uma cacofonia geral no meio da rua. Saem dois velhotes bem vestidos de um bar, e quando olho trazem duas hand grenades na mão: um copo de plástico que mais parece um enfeite de Natal verde fluorescente, cheio de um veneno alcoólico qualquer.
Depois entramos para comer, no café Napoleão, que supostamente foi feito para retiro do Bonaparte (que nunca o chegou a ver). A comida é decente, barata, mas o melhor é o espaço: tudo meio a cair, mas com um charme que só se vê em revistas, ventoínhas nos tectos, um pátiozinho com flores.
Sábado vamos ver as plantações do Mississipi. Delas não vimos saciados, mas sim da paisagem louca: O Mississipi é um parque de indústria pesada com as formas mais esquizofrénicas, e cargueiros enormes que o sobem e descem. E tudo muito verdejante, apesar dos vapores, fumos e cheiros por toda a parte. No meio disto, 2 ou 3 plantações antigas tentam atrair quem podem, mas só algumas, como a Oak Alley, conseguem ainda encantar.
Domingo de Páscoa: Galatoires, que diziam ser a instituição local para comer. Era como ir a um congresso do PP, mas com gente mais divertida e ventoínhas no tecto. E gente bêbada, que às 11 da manhã já só se pediam bloody marys. Elas com os chapéus largos, tipo rainha de Inglaterra, eles gordos de fato branco ou às riscas de linho (o seersucker). Como se tivessem vindo da plantação, anafados e bem dispostos. O ambiente é de festa, e para congresso do PP em New Orleans relaxado e cómico. O nosso empregado parece o Snoop Dogg, e aponta para um prato gigante que nos traz, cheio de lagostins, camarões em remoulade, e ostras enroladas em bacon e fritas em e ovo e farinha. Sim senhor, no fim estamos os dois magricelas a cair para o lado, e vamos passear na cidade que agora começa a festejar a sério. Com a gay parade de Páscoa, em que homens travestidos de voz grossa atiram colares de contas para a multidão (horas antes tinham sido umas velhinhas a fazê-lo, também de copo na mão).
À noite bebe-se na rua, tal como em qualquer ponto do mundo civilizado Mediterrânico, e a música, para turista ou não, é mesmo boa. Desde os bares na Frenchmen Street, (que é a Williamsburg local, com hipsters de bigodes e bicicletas) até ao Fritzel's, na Bourbon (em que só dentro é que se ouve alguma coisa) e o Preservation Hall, tão podre que mais parece saído da World of Interiors, e em que se pode pedir canções aos músicos! (eles sabem-nas todas).
E as cores das casas? e as lanternas a gás debaixo dos alpendres, e o cheiro a flores misturado com cerveja, e as lojas de tralhas antigas, de absinto, de farturas pequenas chamadas beignets, tudo antigo, tudo inimitável? Enfim, aterrei no sítio errado.

27 de março de 2010

New Orleans

Daqui a 4 dias!

13 de março de 2010

Sefardita

Greenwich Village, no Verão.

1 de março de 2010

AJTG 2010

 
Corrida de Sacos

AJTG 2009

Subida ao pau ensebado

AJTG 2008

 
Depois de comprar o Thomas Johnson and the English Rococo num alfarrabista da Rua das Flores, no Porto

AJTG 2007

AJTG 2006

 
Jogo do Pau em Nova Iorque

AJTG 2005

 
Depois da primeira Boca de Incêndio, Londres

AJTG 2004



AJTG 2003

 
Depois de Roma;
Andas

AJTG 2002

 
Carrinhos de rolamentos

AJTG 2001

24 de fevereiro de 2010

AJTG 2000-2010

Este ano cumprem-se 10 anos que desenho o cartaz anual da Associação de Jogos Tradicionais da Guarda. A AJTG foi uma parte importante do meu crescimento na Guarda, mas só comecei a desenhar cartazes para eles quando fui viver para o Porto, e depois por aí afora.
Os cartazes têm a particularidade estranha de terem de ter um grande espaço em branco central, em que depois são "coladas" as letras para cada actividade, pela própria AJTG. Depois são distribuídos pelas aldeias e locais onde se realizam as actividades. A juntar à festa, têm de ter 2 cores: uma para os jogos distritais e outra para os concelhios (ou outra coisa do género...). Por razões de espaço só vou colocar uma das versões de cada.
Estes cartazes são quase sempre feitos duma vez só, sem grande pesquisa ou conceito, mas todos juntos mostram várias obsessões por que fui passando, primeiro ao longo da faculdade no Porto, depois em Roma, Londres, Roma outra vez e finalmente Nova Iorque.
Aqui vai o primeiro:

16 de fevereiro de 2010

As obras e as rendas, parte 2

Enquanto esperávamos pela aprovação dos subsídios do RECRIA e empréstimos, a casa foi ficando em pior estado. O processo começou a durar mais do que esperávamos, veio o Inverno, choveu, e o telhado cada vez mais podre. A senhora mudou de atitude: não queria obras. A Câmara realojava-a durante as obras futuras, mas segundo ela "num bairro de pretos e ciganos". Não queria. Fechou-se e não saía por nada. A última vez que entrei na casa antes disso, reparei que ela vivia entre uma das oito divisões e a cozinha. O resto tinha água a entrar como na rua. Mas ela insistia: "Não se preocupe, cai-me um bocado de tecto na cabeça, eu morro aqui e depois pode fazer as obras que quiser". Entretanto, ninguém no RECRIA ou na Câmara nos sabia o que dizer - devia haver milhares de casos semelhantes, mas nenhuma maneira de resolver este. O processo continuava a avançar, ela continuava a não querer, e a casa continuava a cair.
Como nunca mais tínhamos notícias da Câmara, arranjei um empreiteiro para entretanto ir remendar o telhado. Através da enteada da D. Juventina, conseguimos marcar um dia para ir lá. Apareço eu, o empreiteiro e a enteada. Estamos os três na rua, e a senhora nem chus nem bus. Finalmente aparece à janela. "Não entra cá ninguém, não faz obras e etc." As pombas vigiavam por cima, empoleiradas na platibanda. Durante dez minutos, tentei explicar-lhe mais uma vez que a a casa estava a cair e que era só o telhado, não tem que sair de casa, isto da rua para a janela do primeiro andar. Ela não saía de casa. Passados dez minutos, a tampa saltou: SAIA JÁ DAÍ QUE EU ESTOU A QUERER FAZER OBRAS E A SENHORA ESTÁ-ME A DEIXAR CAIR A CASA (com uma ou outra obscenidade pelo meio). Foi a festa da vizinhança. De repente, toda a gente tinha uma opinião e histórias para partilhar sobre a senhora: as vizinhas da ilha atrás, os homens da garagem, o correio, o polícia em dia de folga. A opinião geral não lhe era muito favorável.
Entretanto chegou a polícia a sério, que eu tinha chamado. Saem dois agentes, grandes, e o chefe, de nariz vermelho, ouve a explicação que eu já tinha repetido ad nauseam: a casa está a cair, ela não quer obras, ainda me morre e depois quem é responsável sou eu. Vai daí falar com ela: "Dona Juventina, é a polícia, queria falar consigo". Nada. Então o chefe abre a tampa da caixa do correio, na porta de entrada, e grita lá para dentro "Dona Juventina, é a polícia". Ouvem-se passos. À décima tentativa, comunicada através da portinhola do correio, ela abre a porta. "Esse aí é um gordo!!!!" diz, apontando para o empreiteiro que estava atrás de mim. Finalmente, os polícias falam com ela e passam-me um auto, notificação, certificado qualquer que diz que a inquilina se recusa a fazer obras e passa a estar à sua responsabilidade. Mas continua a chover.



chovia lá dentro como na rua, adeus caros estuques

10 de fevereiro de 2010

À espera da tempestade

Que não se vê nos radares. Mas as ruas já estão cheias de sal, e os meus colegas já sabem a roupa e as botas que hão-de usar amanhã. Não é só em Portugal que há pessoas obcecadas pelo tempo.

4 de fevereiro de 2010

Obrigado governo

O dólar está cada vez mais alto, e parece que é graças a nós:

http://us.mobile.reuters.com/mobile/m/AnyArticle/p.rdt?URL=http://www.reuters.com/article/idUSN0349170820100203

Pode ser que finalmente valham a pena as minhas poupanças!

2 de fevereiro de 2010

Depois de um dia nas obras

A ler o excelente arrigo do José Teixeira no Café Mondego:

http://cafe-mondego.blogspot.com/2010/01/balanxo-2009-ultimo-jose-teixeira.html

Enquanto me preparo para a minha última obsessão: os episódios do Twin Peaks, grátis online:

http://www.cbs.com/classics/twin_peaks/

E entretanto ouvir na rádio analógica os flaming fire:

http://www.myspace.com/flamingfire

Que belo serão!

1 de fevereiro de 2010

As obras e as rendas, parte 1

[Os pombos e gaivotas também eram inquilinos]

Tive até há tempos uma inquilina. A Dona Juventina, que não era flor que se cheirasse. Não deixou descendência nem saudade e morreu, imagino que tristemente, num lar. Apesar de a ter conhecido bastante tarde (ela era inquilina do meu avô) e ela me ter enfernizado a vida o quanto pôde, tenho uma réstia de pena por isso. E no meio de toda a história da minha casa nova, ela é apenas uma parte da novela, da insanidade que foi todo o processo. No fim de contas, simplesmente fez o que se esperava de um inquilino idoso e sozinho com poucos rendimentos: fechou-se com unhas e dentes em casa, e deixou-a cair aos poucos (além de alimentar pombas aos milhares).
A história começa quando o meu avô emigrou para o Brasil, há várias décadas (penso que por problemas com o regime). Alugou a casa onde tinha crescido com a família, e onde vivia na altura com a minha mãe e a minha avó, e foi para o Rio de Janeiro. Voltou nem passado um ano, mas entretanto tinha alugado a casa, e por isso teve de alugar outra para ele, na Boavista.
A família que lhe tinha alugado a casa originalmente, penso que nos anos sessenta, cresceu e foi saindo. O patriarca ficou e antes de morrer casou com a empregada - a Dona Juventina, que acabou por lá viver até aos 90 e poucos.
E assim, durante anos a fio, os meus avós pagavam uma renda baixíssima, e recebiam outra ainda mais baixa, por uma casa três vezes maior. Claro está, nenhuma obra foi alguma vez feita, nem por eles, nem pela senhora, em nenhuma das casas (isto também não é novidade para ninguém que viva em Portugal).
Anos mais tarde, eu e o meu irmão herdámos a casa, com a inquilina lá dentro. Lembro-me de, de vez em quando, receber umas chamadas em que ela protestava: entra-me água dentro de casa, isto o tempo anda muito mau, têm de fazer obras. E nós: com 40 euros de renda vitalícia não dá para fazer grande coisa, tenha paciência. Mal sabíamos.
Eventualmente descobrimos que havia programas que financiavam a recuperação de casas no centro histórico. Bestial, vamos avançar com isso. A casa recupera-se, a inquilina paga uma renda actualizada, e a segurança social subsidia-lhe a mesma. Além disso dão-lhe uma casa temporária para ela estar enquanto as obras durarem. It's a win-win situation.


Mal sabíamos.

30 de janeiro de 2010

Frio

6 graus negativos e não se vê ninguem na rua. Está tudo quente em casa.

12 de janeiro de 2010

Portugal

Gosto do que é antigo, hoje. Não pela patine, ou pela reverência do passado, mas porque até há 100 anos atrás no Mundo civilizado (até há bem menos em Portugal) a proporção de objectos quotidianos feitos à mão era enorme comparada com o que é hoje. Hoje é impossível (e não muito desejável) ter massas de artesãos mal pagos a aplicar cornijas de estuque, a cortar guarnições de madeira na topia, a cozer tijolos. Pelo menos não no Mundo civilizado, em que a exploração não é bem vista, e por isso tudo o que é manual é muito caro e reservado a poucos.
Assim, a arquitectura antiga, por muito má, desproporcionada, desconfortável que às vezes possa ser, tem sempre essa característica que a redime: o charme de ter sido construída à mão, por meios relativamente simples e pouco sofisticados, aproveitando os recursos e os talentos do sítio. E facilmente actualizável a um modo de vida contemporâneo, sem grandes custos. Uma casa antiga na Guarda é diferente de uma casa antiga no Porto, ou em Aveiro, ou em Lisboa, e nisso está o seu valor.
Em Portugal, além de muita coisa antiga a cair, há muito modernaço novo, e cada vez mais. É o modernaço das recuperações modernaças, que não tem medo da nossa época e de a afirmar no Antigo. Afirmar, como quem diz, à marretada. Feito por arquitectos medíocres, desenhadores jeitosos, construtores ignorantes, mas copiado das estrelas da arquitectura que o validaram e tornaram moda. Cada vez há mais uma casa antiga que foi violentada, esvaziada, e deixada com a fachada de fora e uma caixa com caixilharias metalizadas a sair por trás. As janelas de madeira desaparecem, substituídas por um vidro com aros invisíveis. A pedra que devia estar protegida por reboco é deixada à vista. O telhado que servia de caixa de ar é aplanado e transformado em sotão recuado revestido a cobre ou zinco. Põem-se madeiras novas, envernizadas, portas de garagem e de entrada planas e sem pormenor. O volume do elevador aparece colado a uma das paredes. Afirmando bem a nossa época com o mecanismo e os cabos à vista. Porto, Aveiro, Guarda. Como cogumelos aparecem nas nossas cidades, ao lado de outros edifícios belos, antigos, a cair e à espera de igual ou pior fortuna, à mercê do humor do iluminado que lhes pegar.
Em Aveiro já quase não existe nada que valha a pena ver, na Guarda continua-se a escangalhar tudo o que se pode em nome desta moda estúpida e de dar que fazer às pessoas. Falo de cidades que já tinham pouco de centro histórico, mas que até há não muitos anos tinham nele essa característica do antigo: o ser único, por ser feito à mão. Com cada casa que cai e cada objecto modernaço que se levanta, ficam mais parecidas a tudo o resto, a toda a pobreza de paisagem que se apodera do nosso pobre país. Que, cada vez mais pobre, mais destrói as casas antigas, que são das poucas riquezas que possui. Pode ser que mude, e espero que não seja tarde.

12 de dezembro de 2009

ugh

parece que finalmente funcionou, graças ao meu caro amigo Fred. E se alguém perceber alguma coisa do que ele está a falar no blog dele, parabéns!

WOWOWOWOWOWOWO

jahkjkzjckajs

lanscjnakjcnas

experiência

para ver se funciona ligar isto com o facebook, que é como o café da esquina

21 de novembro de 2009

Nas fotos

Está a Sinagoga da Eldridge Street. Fomos lá num domingo de Sol, com a China toda na rua, e o único bastião do Judaísmo na rua aberto como museu. Dentro, nós e os outros 7 turistas, todos judeus de meia idade a visitar as raízes. A Sinagoga ainda funciona, e como é ortodoxa as mulheres sentam-se na galeria superior, separadas dos homens.
Um dos fundadores era construtor, e construía prédios de apartamentos, há 100 anos atrás, como o nosso. Os mosaicos do chão e os pormenores não são muito diferentes de todos os tenements em volta, ou seja pobres e pouco elegantes, mas o espaço é fantástico.